Os Anjos Derramam as Suas Taças (Apocalipse 16:1-21)
No capítulo 15, um dos quatro seres viventes deu as sete taças da cólera de Deus aos sete anjos, e o santuário se encheu com a fumaça da glória e do poder de Deus. Agora, aguardamos o trabalho dos anjos. Cada um derramará a sua taça, trazendo uma série de sete flagelos para castigar os adoradores da besta e os servos do dragão. Algumas dessas pragas nos lembram das pragas que Deus enviou para castigar os egípcios quando Moisés foi libertar o povo de Israel.
A Primeira Taça (16:1-2)
Deus está no santuário, envolto na fumaça impenetrável (15:8). Esta voz, então, é a voz de Deus dando ordem aos sete anjos.
Os anjos recebem a ordem de derramar as suas taças, trazendo a ira de Deus. A cólera ou furor de Deus vem em resposta à cólera do dragão (12:12) e à fúria da prostituição da grande Babilónia (14:8). Mas a cólera do dragão dura pouco tempo (12:12) enquanto esta fúria vem de “Deus, que vive pelos séculos dos séculos” (15:7).
A obediência imediata é característica dos servos fiéis ao Senhor. Deus mandou, e o anjo foi. A sua taça castiga a terra ou, mais precisamente, os adoradores da besta na terra.
Aqueles que cederam à pressão e participaram do culto imperial para evitar as conseqüências diante do governo romano (13:14-17) agora sofrem nas mãos do Soberano Rei dos Reis.
Como a sexta praga no Egito (Êxodo 9:8-9), os adoradores da besta foram afligidos por úlceras. Aquela praga atingiu os próprios magos, aqueles que induziam as pessoas a acreditarem em falsas religiões. (Êxodo 9:11). Esta afeta os participantes de falsa religião.
A Segunda Taça (16:3)
Já observamos que o mar, muitas vezes, simboliza a sociedade mundana (cf. comentários sobre o mar em 13:1, lição 22). Aqui o castigo vem sobre as nações rebeldes. O mar Mediterrâneo, também, foi o foco comercial do império romano. Qualquer praga que ataca o mar teria grande impacto financeiro (18:17-19).
Como na primeira praga no Egito, que causou a morte dos peixes (Êxodo 7:1-25), este flagelo causa a morte dos seres viventes no mar.
Pelo fato que todos os outros flagelos afligem pessoas, e não a natureza, podemos concluir que os seres viventes no mar são, também, homens. Este entendimento se torna mais forte com os flagelos que se seguem.
A Terceira Taça (16:4-7)
Rios e fontes são essenciais para sustentar a vida. Esta praga, como a praga no Egito, deixa os perversos sem água potável. Se não vier algum alívio, a conseqüência será a morte
Além do seu trabalho de derramar sua taça sobre os rios e as fontes das águas, este anjo tem uma proclamação.
Em executar uma parte do julgamento dos ímpios, o anjo percebe a justiça de Deus, e o adora. A justiça divina sempre foi motivo de louvor: “Levanto-me à meia-noite para te dar graças, por causa dos teus retos juízos” (Salmo 119:62). Deus é eterno, Santo e justo.
A água se torna em sangue porque os habitantes do mundo haviam derramado sangue inocente. Mais uma vez, observamos a ligação entre os castigos e a pergunta do quinto selo: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (6:10). Desde a morte de Abel, Deus ensinara aos homens o princípio da vingança de sangue: “Certamente, requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; de todo animal o requererei, como também da mão do homem” (Génesis 9:5).
Este motivo é citado frequentemente em outras profecias do Velho e Novo Testamentos para explicar o castigo de diversas pessoas – indivíduos, cidades e nações. Considere estes exemplos: Jerusalém e Judá foram castigados porque o rei Manasses derramou muito sangue inocente e fez Judá pecar com os seus ídolos (2 Reis 21:10-16); Jeoaquim, um dos últimos Reis de Judá, foi condenado pelo mesmo motivo (Jeremias 22:17-19); o derramamento de sangue inocente foi um dos motivos da opressão e do cativeiro do povo de Israel (Salmo 106:34-46); os profetas citaram o mesmo motivo quando falaram das conseqüências dos pecados de Israel e de Judá (Isaías 26:21; 59:3,7; Jeremias 7:6; Ezequiel 22:27). Uma outra passagem importante fala sobre a casa de Acabe, especialmente Jezabel, que foram castigadas por terem derramado o sangue dos servos, os profetas (2 Reis 9:7). Todas essas profecias foram cumpridas nos séculos antes da vinda de Jesus. Servem para entender a linguagem do Apocalipse, mas não para identificar o cumprimento principal destas profecias de João, feitas depois da morte de Jesus.
Uma profecia relevante ao contexto do Apocalipse se encontra em Joel. Depois de estabelecer Jerusalém espiritual (2:28 - 3:1), Deus reúne as nações para o julgamento no vale de Josafá (3:2). Os crimes são ofensas contra o povo do Senhor, inclusive o pecado de terem derramado sangue inocente em Judá. Esta vingança é ligada ao estabelecimento do reino de Deus e à sua habitação em Sião (3:17-21), temas principais no Apocalipse.
Quando chegamos aos evangelhos, as figuras mais próximas se encontram nos comentários de Jesus sobre os pecados dos judeus. Ele condenou os escribas e fariseus por imitar as atitudes dos seus ancestrais em matar profetas e justos (Mateus 23:29-36) e, logo em seguida, profetizou sobre a destruição de Jerusalém, uma profecia cumprida em 70 d.C. Comentários semelhantes são relatados em Lucas 11:45-52.
Observando a semelhança das palavras de Jesus e a condenação da meretriz do Apocalipse (16:6; 17:6; etc.), alguns estudiosos concluem que são profecias do mesmo castigo, e que a meretriz (Babilónia) do Apocalipse é a cidade de Jerusalém. Existem vários argumentos a favor dessa interpretação, e outros contra. Ainda comentaremos sobre a questão da data do livro em outros textos pela frente. Agora, a questão que precisamos abordar é esta: As semelhanças entre os comentários de Jesus e a linguagem do Apocalipse provam que a meretriz é Jerusalém? Na verdade, é a mesma questão que surgiu no capítulo 11, quando falou da “grande cidade que, espiritualmente, se chama Sodoma e Egito, onde também o seu Senhor foi crucificado” (11:8).
João usou a linguagem de Jesus junto com a linguagem de diversas profecias já cumpridas do Antigo Testamento para descrever o castigo de uma outra cidade ou povo que matava santos e profetas. Neste caso, a destruição de Jerusalém, já passada, serviria para enriquecer o pano de fundo da profecia contra os poderes romanos.
O ponto, por enquanto, é que linguagem semelhante não prova que os assuntos sejam idênticos. Este fato é importante no estudo de qualquer profecia da Bíblia. O fato de dois livros usarem figuras semelhantes não quer dizer que necessariamente falam do mesmo assunto. É claro que Jerusalém e os judeus mataram profetas e santos, mas o governo Romano, também, perseguiu e matou os servos de Jesus. Em qualquer dos dois casos, a ênfase do Apocalipse está na morte das testemunhas de Jesus (17:6), não na morte dos fiéis do Velho Testamento.
Novamente, voltamos ao quinto selo (6:9-11). As almas debaixo do altar pediram vingança, e Deus respondeu que teriam que esperar mais um pouco. Agora que o Senhor deu sangue para os opressores beberem, o altar proclama a justiça de Deus. A justiça divina pode demorar, mas ela vem! Pedro diz que qualquer demora na aplicação da justiça divina deve ser vista como uma demonstração da misericórdia e longanimidade de Deus (2 Pedro 3:7-10).
A Quarta Taça (16:8-9)
Nos primeiros quatro flagelos, como nas primeiras quatro trombetas (8:7-13), as forças da natureza são os instrumentos de Deus para castigar os homens perversos. O sol normalmente ilumina, possibilitando a vida. Em outras situações, Deus castigou os homens negando-lhes a luz do sol (8:12; Êxodo 10:21-23; Joel 2:32; Mateus 24:29). Esta vez, o castigo vem por meio do calor excessivo que queima, e serve para afligir os adversários do Senhor. Deus usa o fogo para destruir os seus inimigos (Salmo 97:3; 104:4). Da mesma maneira que algumas das pragas atingiram os egípcios e não os israelitas, as pessoas que sofrem sede por não terem água potável (16:4-7) são punidas com esta praga de calor insuportável, enquanto os fiéis que saem da grande tribulação são protegidos do calor e nunca terão sede (7:16).
O castigo vem por causa da injustiça dos homens, mas os ímpios ainda ousam levantar as suas vozes contra o Senhor. É triste observar como a mesma coisa acontece hoje. O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado do homem, mas muitos usam a dor como motivo de questionar a justiça e negar a bondade de Deus. Alguns até rejeitam a existência de Deus por causa da injustiça do homem!
Os castigos vêm de Deus. Em vez de buscar perdão e clemência, os homens blasfemam o nome do Senhor.
Da mesma maneira que Faraó endureceu seu coração depois das pragas no Egito (Êxodo 7:22; 8:15,19,32; 9:7,12,34-35; 10:1,20,27; 13:15), este povo recusa a se arrepender. Não aceitaram o castigo como disciplina (3:19; Hebreus 12:5-6), e sim como motivo para rejeitar o Senhor. Quando pessoas hoje usam o sofrimento como motivo para negar a existência de Deus, cometem o mesmo erro fatal. Independente da fonte do sofrimento, devemos usá-lo para nos aproximar de Deus (Tiago 1:2-4; 2 Coríntios 12:7-10).
A Quinta Taça (16:10-11)
A besta não é o poder superior! O anjo de Deus derrama sua taça sobre o trono da besta, porque vem de um lugar mais alto. Homens enganados podem exaltar a besta (13:4), mas ela não é igual a Deus, nem ao mensageiro usado por Deus para derramar a sua ira.
A quinta trombeta trouxe escuridão e tormento (9:1-12), como também a quinta taça.
Os egípcios adoraram o sol, e Deus causou três dias de escuridão (Êxodo 10:21-23). Aqui o reino da besta se torna em trevas, provavelmente referindo-se ao engano das mentiras daquela que se apresenta como um Deus digno de adoração.
O reino da besta sofre dor insuportável. Enquanto o Senhor oferece refúgio e proteção aos seus servos (7:16-17), os servos da besta são atormentados.
Como fizeram na sexta trombeta (9:20-21) e na quarta taça (16:9), os ímpios ainda recusam a se arrependerem. É mais fácil colocar a culpa em Deus do que aceitar a responsabilidade pelo próprio pecado. Diferente das pragas do Egito, onde cessou uma antes de começar a próxima, estes flagelos continuam. Chegamos à quinta taça, e os homens ainda estão sofrendo com as aflições que começaram na primeira (16:2). As obras dos pecadores são o motivo do castigo, em contraste com as obras dos santos que são as roupas puras que usam na presença do Cordeiro (19:8).
A Sexta Taça (16:12-16)
Esta figura apresenta algumas dificuldades, e as explicações dos comentaristas são diversas. Quais Reis vêm do oriente? É o mesmo exército que os espíritos imundos se ajuntam nos versículos seguintes, ou é o povo de Deus vindo para estar com ele diante das ameaças dos servos do diabo?
Por vários motivos, parece-me mais razoável ver aqui os servos de Deus. Considere:
Quando Deus voltou para abençoar seu povo e habitar no meio dele, sua glória “entrou no templo pela porta
que olha para o oriente” (Ezequiel 43:4).
Todas as pessoas na Bíblia que atravessam corpos de água em terra seca são os servos de Deus sob a sua proteção, não os seus inimigos: os israelitas na saída do Egito (Êxodo 14:15-25; Salmo 106:9-10); os israelitas na entrada em Canaã (Josué 3:12 - 4:18); Elias e Eliseu juntos (2 Reis 2:4-8); Eliseu sozinho (2 Reis 2:13-14). Na profecia de Isaías 11:15-16, Deus seca o Eufrates para permitir o restante do seu povo escapar do cativeiro. Em Isaías 51:10, Deus secou as águas do mar para deixar passar os remidos (cf. Zacarias 10:10-12).
Exércitos são representados como águas ou rios, até pelas águas do Eufrates (Isaías 8:7-8), e o vento de Deus seca e espalha essas águas (Isaías 17:12-14).
O exército que vem do Eufrates na sexta trombeta é de Deus, trazendo fogo e enxofre e matando a terça parte dos homens ímpios (9:13-21).
Baseado nestas observações, o que vemos aqui é a ação de Deus para vencer o poder militar dos ímpios e deixar os seus fiéis atravessarem o Eufrates em terra seca para chegar ao Senhor. É uma imagem do povo voltando do cativeiro para habitar na presença de Deus, e para ficar com o Senhor contra o diabo e seus servos.
O diabo e seus dois principais aliados: a besta (do mar) e o falso profeta (a besta da terra, que induz as pessoas a adorarem a besta do mar). Sabemos que tudo que sai da boca deles é mau, pois o diabo é o pai da mentira (João 8:44).
Saindo da boca destes três personagens, obviamente são imundos. Rãs são mencionadas aqui e nas referências à segunda praga no Egito (Êxodo 8:1-15; etc.). No Antigo Testamento, foram consideradas imundas e, por isso, abominações (Levítico 11:9-10).
É uma batalha espiritual, e os servos do diabo vêm com seus sinais para enganar os homens. Foi por causa dos sinais dos magos que Faraó endureceu seu coração nas primeiras pragas (Êxodo 7:22). Paulo falou dos sinais da mentira usados pelo iníquo para enganar os homens (2 Tessalonicenses 2:9-12).
Estes espíritos têm um objetivo específico. Querem enganar os Reis do mundo. Novamente, a figura destaca a influência mundial do dragão e de seus aliados, um fato que se enquadra bem com as características do império romano identificado no capítulo 13.
O propósito dos espíritos enganadores é colocar os Reis contra Deus. Desde o Éden, o Diabo tem procurado criar inimizade entre Deus e os homens. Ele distorceu e contrariou as palavra de Deus para enganar Eva, e vem fazendo a mesma coisa ao longo da história. Aqui, os servos dele têm o propósito de ajuntar os Reis da terra contra os servos de Deus.
A peleja pode ser uma batalha física, como a batalha entre Israel e Síria, em que um “espírito mentiroso na boca de todos os ... profetas” de Acabe enganou o rei para provocar a guerra (1 Reis 22:1-28). Pode ser uma batalha espiritual, como as batalhas contra os príncipes da Pérsia e da Grécia em Daniel 10:13-21. Pode incluir os dois aspectos, como a luta do Faraó contra Deus, que envolveu tanto a batalha espiritual de um coração obstinado como o exército do Egito que morreu no Mar Vermelho. Independente da natureza da batalha em si, o resultado seria o julgamento dos povos rebeldes, semelhante a cena no vale da Decisão em Joel 3. Deus vai julgar os Reis enganados pelos espíritos que saem da boca do dragão, da besta e do falso profeta.
Antes de deixar João continuar o relato do trabalho dos espíritos imundos, Jesus interrompe com uma mensagem de exortação aos fiéis.
A figura do ladrão é utilizada na Bíblia para enfatizar o julgamento repentino e a falta de preparo das pessoas julgadas. Representa as conseqüências naturais do pecado e da negligência nesta vida (Provérbios 6:9-11), como também a vinda do Senhor para julgar (Lucas 12:35-40; Mateus 24:42-43; 1 Tessalonicenses 5:2-4; 2 Pedro 3:10; Apocalipse 3:3). A ênfase está na preparação para a chegada do Senhor.
Esta é a terceira de sete bem-aventuranças no livro (veja a lista na lição 3). A pessoa preparada, que não teme a vinda do Senhor, vigia e aguarda o Senhor (cf. Mateus 25:1-13). Guardar as vestes indica a pureza dos fiéis, que “não contaminaram as suas vestidura e andarão de branco” (3:4; cf. Tiago 1:27). A nudez, por outro lado, mostra a impureza de pessoas despreparadas, como a igreja em Laodicéia (3:17). Quando Adão perdeu a sua inocência e ouviu a voz de Deus no jardim, ele se escondeu porque estava nu e envergonhado (Génesis 3:8-10). A nudez representa a vergonha, especialmente a vergonha de castigo (Ezequiel 16:36-37; Oséias 2:9-10; Miquéias 1:1; Naum 3:5).
A batalha não acontece no capítulo 16. Teremos que esperar até o capítulo 19 para ver o resultado desta guerra. No momento, o Senhor quer mostrar o lugar da batalha . Armagedom. Esta palavra aparece somente aqui, mas o próprio versículo diz que ela é de origem hebraica. A palavra significa “monte de Megido” ou “cidade de Megido”, e nos lembra do significado da região de Megido em batalhas decisivas do Antigo Testamento. Foi o local da vitória de Israel sobre Jabim e Sísera (Juízes 4 e 5, especialmente 5:19). Josias morreu da ferida que sofreu na batalha contra Neco, rei do Egito, no vale de Megido (2 Crônicas 35:22-24). Outras batalhas na região de Jezreel e Megido incluem: a vitória de Gideão sobre os midianitas (Juízes 7); a batalha final de Saul contra os filisteus (1 Samuel 31). Quando Jeú, encarregado com a exterminação da casa de Acabe, mandou matar Acazias, rei de Judá, este morreu em Megido (2 Reis 9:27). Armagedom, então, representa um lugar de julgamento e de batalhas decisivas. Certamente, Deus julgará e aplicará a sua justiça!
A Sétima Taça (16:17-21)
Especialmente quando pensamos nos paralelos entre as taças e as trombetas (veja a tabela comparativa no início desta lição), chegamos à última taça esperando o cumprimento da ira de Deus. Encontraremos mais detalhes nos capítulos 17 e 18, mas a segunda voz já anunciou a queda da Babilónia (14:8). A vitória sobre os Reis da terra será declarada no capítulo 19, mas já sabemos que os povos enganados aguardam em Armagedom, onde Deus pronunciará a sentença de condenação (16:16). Atrás de todos os Reis e atrás da cidade mundana jaz a influência do dragão, o diabo. A sétima taça leva a batalha à casa do Adversário. A taça é derramada pelo ar, diretamente atingindo “o príncipe da potestade do ar” (Efésio 2:1). Satanás é o príncipe deste mundo (João 12:31; 14:30; 16:11) e o “deus deste século” que cega os incrédulos (2 Coríntios 4:14). Há mais informações pela frente, mas o fato importante já ficou evidente. O diabo perde. Jesus e seus servos são os vencedores.
A voz vem do trono que está no santuário. Deus está no santuário, e ninguém mais podia entrar até que se cumprissem os sete flagelos (15:8).
As palavras enganadoras dos espíritos imundos podem conduzir os Reis da terra a uma falsa expectativa de vitória, mas o verdadeiro vencedor é o próprio Senhor. Quando ele declara o seu plano cumprido, podemos ter certeza da vitória dos fiéis.
É de Deus! São os sinais que saem do trono de Deus (4:5) e do altar que se acha diante do trono (8:5). São os sinais que vêm do santuário depois da sétima trombeta (11:19). Aqui, estes sinais reforçam as palavras da voz do santuário. Está feito!
Há uma tendência por parte de muitas pessoas de entender expressões proverbiais de forma literal. Mas, da mesma maneira que falamos do “melhor dia da minha vida” ou dizemos “eu nunca vi nada igual”, a Bíblia também emprega provérbios que não devem ser interpretados literalmente. Podemos ilustrar a linguagem proverbial comparando duas afirmações sobre Jerusalém. Deus falou da destruição de Jerusalém em 586 a.C. nestas palavras: “Executarei juízos no meio de ti, à vista das nações. Farei contigo o que nunca fiz e o que jamais farei, por causa de todas as tuas abominações” (Ezequiel 5:8-9). Literalmente nunca fez e jamais faria coisa igual? Não! O próprio Jesus falou da mesma cidade 600 anos depois, e disse: “Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (Mateus 24:21). Se Ezequiel e Jesus falassem literalmente, as suas palavras se contradiriam. Mas são expressões proverbiais. Não precisamos procurar a maior tribulação da história para acreditar e entender as palavras de Ezequiel e as de Jesus, e não precisamos procurar o pior terremoto da história para acreditar na profecia da sétima taça. Nem precisamos de um terremoto literal para entender o ponto. Mas não devemos diluir a mensagem e perder o impacto. Deus disse “Feito está!” e chamou atenção a suas palavras com sinais assustadores.
Encontramos, novamente, a grande cidade que recebe a cólera de Deus. Como observamos na lição 25, há um contraste importante no livro entre a cidade santa, a nova Jerusalém e a grande cidade mundana, a Babilónia. A grande cidade representa a corrupção de uma cidade que vivia da prostituição de suas relações comerciais com as nações, e destaca mais uma característica do poder do império romano. A besta do mar enfatiza seu poder de dominar, especialmente o poder militar dos Reis. A besta da terra representa seu poder religioso, a religião imperial pela qual as pessoas foram obrigadas a adorarem Roma ou seus imperadores. A Babilónia destaca as relações comerciais pelas quais Roma dominava a economia mundial. O sétimo flagelo fala do castigo da grande cidade Babilónia, que será descrito em mais detalhes nos capítulos 17 e 18.
A divisão em três partes enfatiza a derrota total da grande cidade. Ezequiel dividiu a cidade de Jerusalém, simbolicamente, em três partes, para mostrar a destruição total dela (Ezequiel 5:1-4). A Babilónia é ferida por três flagelos em um só dia (18:8), frisando a sua destruição total.
As cidades das nações dependiam da grande cidade. Quando ela cai, elas também caem. O lamento dos Reis e comerciantes em 18:9-19 mostra como a queda da Babilónia teria impacto enorme nas outras nações. Não teriam mais o seu mercado principal, causando um colapso económico geral.
Já observamos o significado do cálice da ira de Deus na lição 25 (14:10). Os adoradores da besta beberiam deste cálice. Agora aprendemos que a própria Babilónia, a mesma que deu às nações o “vinho da fúria da sua prostituição” (14:8) teria que beber da ira de Deus (cf. 18:5-6).
Este versículo reforça o sentido do anterior, mostrando os efeitos mundiais da queda da Babilónia. A linguagem nos lembra do sexto selo (6:12-17). Quando Deus desce para julgar, “os montes debaixo dele se derretem” (Miquéias 1:4; cf. Naum 1:5; Salmos 18:7-15; 97:5). As ilhas, por serem espalhadas e ocupadas por diversos povos, são ligadas às nações (Génesis 10:5; Isaías 40:15; 41:1; Sofonias 2:11). Quando Ezequiel profetizou a queda de Tiro, uma cidade que vivia do comércio no mar Mediterrâneo, ele falou de seu impacto nas ilhas: “Agora, estremecerão as ilhas no dia da tua queda; as ilhas, que estão no mar, turbar-se-ao com a tua saída” (Ezequiel 26:18). Da mesma maneira, o castigo de Roma prejudicaria as ilhas e os povos de toda a extensão do império
Chuva de pedras de 45 quilogramas cada! Lembrando que os flagelos são cumulativo (16:10-11), podemos imaginar o sofrimento dos adoradores da besta. Têm úlceras, não têm água, sofrem sobre o calor intenso do sol, e agora vem chuva de pedras enormes!
Todo este sofrimento deve ser motivo para se arrependerem, mas continuam endurecendo os corações. Não admitem os seus erros, nem a justiça de Deus.
Conclusão
A besta da terra tem poder para afligir e até matar os servos de Deus, aqueles que recusam adorar a besta. Mas Deus mostra seu poder para castigar com muito mais severidade os adoradores da besta. Os sete flagelos trazem sofrimento incrível aos seguidores da besta, mas eles ainda não se humilham diante de Deus.